quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

"CRÍTICAS" feitas ao SATED? Errado! CRÍTICA FEITA AOS ARTISTAS SERGIPANOS!


JORNAL DO DIA
Opinião



21/1/2010 08:14:28
Sated: quase falido e malfalado


* Feliciano José

O SATED/SE (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão/SE) realizou recentemente uma reunião extraordinária para discutir cargos em vacância na sua diretoria. Isto aconteceu no dia 16 deste mês, sábado passado, no Centro de Criatividade, em Aracaju.
É, há cargos em vacância, e ‘boiando’, há entendimentos. Pois bem. Por motivo de saúde, o presidente Luiz Carlos Reis encontra-se afastado do cargo. Em seu lugar, o Secretário Geral Ivo Adnil responde como presidente em exercício. Porém, mesmo debilitado, o ator e diretor teatral Luiz Carlos Reis costuma vir a público fazer alguns contatos, negociar questões do sindicato, ainda que informalmente, e assistir a espetáculos que circulam pela cidade. O presidente em exercício, por sua vez, cumpre o mesmo ritual.
Além da vacância de cargos (que não é o de presidente, mas outros diversos, como o de tesoureiro e alguns diretores de áreas específicas), a reunião teve também como pontos de pauta a discussão acerca da situação financeira da entidade e as suas relações com órgãos oficiais e não-oficiais também.
Quanto a finanças, o saldo bancário encontra-se negativo. A função de sindicatos, inclusive deste, é fortalecer a sua categoria, lutar em busca de benefícios e espaços de trabalho para seus filiados e, mais amplamente, para a classe como um todo, além de buscar mecanismos para se obter reconhecimento e mais visibilidade para seus profissionais. O SATED/SE, ultimamente, por isto, pouco tem feito. Mas vem, nos últimos anos, esmerando-se através de campanhas em busca de novos filiados – novos novíssimos –, não aqueles que já trabalham há algum tempo e que já possuem o seu registro profissional na DRT (Delegacia Regional do trabalho), mas de gente nova, aprendizes que desejam ingressar na carreira artística. Para isso carecem, estes novatos, da efetuação de seu registro na DRT, o que implica em pagamento de uma taxa de serviço ao sindicato (com o valor referente à taxa da primeira anuidade já embutido). Caso o mesmo deseje filiar-se, posto que a filiação não é obrigatória, a sua primeira anuidade já está coberta. E, apesar de o registro na DRT ser feito, obrigatoriamente, através do sindicato, a filiação ao mesmo não é obrigatória.
O caixa do SATED/SE funciona sem nenhum bloco de recibos à disposição para que se registre e controle a entrada de valores em espécie ou cheques. Isto ocorre deste a gestão anterior, que governou a entidade por tempo indeterminado, em virtude da não eleição de uma nova diretoria, por falta de convocação e por comodismo, em alto grau, da classe que este sindicato teima em representar. Assim funcionava, no passado, a previdência pública federal; o autônomo depositava sua contribuição mensal com carnê próprio, e caso houvesse extravio do mesmo, esse autônomo tornava-se anônimo – ‘desaparecia do mapa’ –, pois a instituição arrecadadora jamais registrou ou controlou esta relação com aqueles sujeitos, simplesmente os desconhecia em seus arquivos. Se a entrada não era registrada ou controlada, os gastos muito menos. Qual necessidade teria?
No SATED/SE, as filiações sempre foram feitas através da pessoa do seu presidente, por ter como indispensável a sua assinatura, quando do pedido de registro profissional do artista à DRT. Assim, ele mesmo recolhe as taxas e o tesoureiro se faz desnecessário nessa etapa. Antigamente existia um Livro de Movimentação de Caixa (não sei se sabemos como ele se chama hoje, não me lembro). No SATED, as despesas são rabiscadas em algum papel, e da arrecadação fica (ou não) uma cópia do recibo avulso, quando é possível emiti-lo, para eventual ou rara averiguação futura.
Voltando ao sistema previdenciário federal, nele, pelo menos o depósito era efetuado em agências bancárias e através de guias oficiais. Há quase uma década, o sindicato dos artistas de Sergipe encontra-se inadimplente, sem direito a certidões negativas expedidas por órgãos governamentais, o que implica na sua impossibilidade de realizar qualquer tipo de negociação legal com qualquer órgão, entidade etc.
Nesta reunião, já nos desdobramentos das discussões, o Diretor Diniz Adonis, trazendo a contribuição estanciana, falou de coletividade e de solidariedade humana, enfatizando o caráter do discurso da moda e o seu distanciamento da realidade e das práticas. O ator e diretor Raimundo Venâncio classificou como o ‘discurso da vez’, fazendo alusão à expressão ‘a bola da vez’. Milton Leite, ator e bailarino, clamou por mais controle no processo de filiação e de emissão de registro profissional, assim como nas finanças. A atriz Tânia Maria avaliou a área de dança, da qual faz parte, mas declarou-se afastada da sua prática efetiva. Enquanto a diretora e atriz Virgínia Lúcia, grande expoente da classe e exímia figurinista, instigada por Venâncio, dispôs-se a orientar os atuais/futuros dirigentes do SATED, dadas as suas experiências passadas nesta entidade, a qual já presidira. Esta orientação diz respeito à diplomacia que o cargo requer ao relacionar-se com órgãos e poderes, assim como quanto à compostura, ética e pragmatismo que o nosso representante precisa incorporar a si.
Este sindicato não está a serviço exclusivo da diversão, como pensam e até acreditam alguns desavisados e integrantes da classe. O objeto do qual está imbuído o nosso sindicato – que é a arte – possui compromissos muito maiores. O ator Isaac Galvão acha que não; porque a sigla SATED não contempla nada mais, além de diversão. Ou seja, é como se esta sigla antecedesse, não só a Arte, mas a Humanidade.
O artista cênico sergipano, em especial o de teatro, tem estado acomodado, sua produção é, em regra, singela e, às vezes, pacata. A sua auto-estima anda anêmica. Na reunião, havia menos de vinte pessoas, apesar de o Sindicato, segundo o presidente em exercício, possuir mais de 600 filados, e destes, apenas 49 estão em dia com as suas anuidades. A precisão destes dados encontra-se no material despejado na rua pela proprietária da sua sede provisória, por inadimplência da gestão anterior. Hoje, o sindicato anda por aí, desalojado.
Esta reunião iniciou-se por vota das 10h daquela manhã de sábado e, quase à 01h da tarde, próximo ao seu encerramento, o presidente em exercício advertiu: “Esta reunião deveria ter uma Ata [lavrada], está sendo feito isso?” Antes e com relação ao descaso com os artistas, por parte de alguns setores, ele havia desabafado dizendo que “ninguém vai à imprensa [denunciar], melhor, ninguém ia”. Claro, é bom. Da mesma forma que não se fazia crítica a espetáculos em Sergipe, agora se tenta. “Alinhavado”, publicada no Jornal do Dia, em 23/12/09, é um exemplo disso. Isso é muito bom, isso é bom demais, quem sabe, cresceremos.
Fato curioso: o presidente em exercício assumiu o cargo tendo como instrumento basilar, única e exclusivamente, uma Procuração – passada em cartório, acredito –, possivelmente o Livro de Atas do SATED/SE ainda esteja lá na calçada do despejo.

* Ator e diretor teatral, bacharel e licenciado em Filosofia, pós-graduando concludente em Estética, Educação e Arte, poeta, performer e aprendiz de escritor. (felicianojoze@gmail.com


A RESPOSTA DO SATED
Ewertton Nunes

“QUANTAS MÃOS SÃO NECESSÁRIAS PARA SE CONSTRUIR UMA CRÍTICA?”

* Ewertton Nunes (Falando em nome do SATED/SE e como artista)


O SATED/SE (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões) utiliza-se do seu direito de resposta para questionar e esclarecer as colocações feitas em sua “crítica” pelo “artista” Feliciano José, no dia 21 do mês de Janeiro, intitulada (maldosamente) “SATED: quase falido e mal falado”.
Na crença de que o público leitor deste jornal possua uma grande capacidade de discernir e avaliar tudo o que lê, lanço aqui algumas perguntas para que exercitemos a nossa capacidade de interpretar os interesses ocultos nas mensagens a nós enviadas: A quantas mãos estão sendo construídas as “críticas” publicadas por Feliciano José? Quantas cabeças estão pensando? Será que existe um interessado maior na má fama que o “crítico” insiste em querer atribuir ao SATED e principalmente ao profissional Ivo Adnil (antigo presidente em exercício e atual Presidente do SATED/SE) que começava a acordar o Sindicato dos Artistas cobrando respostas do Estado? Por que as críticas feitas a Ivo Adnil e de rebarba ao SATED, começaram a emergir após o seu diálogo com a Secretaria de Cultura do Estado? Será que é mera coincidência o aflorar crítico de um “artista” (há décadas sem atuação) após uma transmissão radiofônica, na qual por telefone, o Presidente (na ocasião em exercício) solicitou da Secretária Heloísa Galdino respostas sobre os cachês atrasadíssimos e quis saber como os artistas sergipanos, que passam fome, poderiam comemorar o VERÃO “SERGIPE”? Estaria o crítico tentando defender o seu salário no final do mês e ser favorecido (por debaixo dos panos) ao assumir sozinho, a autoria do que está sendo exposto no jornal? Teriam quem sabe, prometido a ele uma “verbazinha” para a montagem de um monólogo que possa alimentar a sua arrogância e vaidade? Feliciano José, não estaria faltando alguma assinatura lá embaixo? De quem seria? São tantas as possibilidades nas entrelinhas, não acham?
Viva então a liberdade de expressão! Falemos mais diretamente sobre “SATED: quase falido e mal falado” escrito por Feliciano José e... (Deus sabe lá quem). A “crítica” está muito mais para ata da assembléia, sendo assim, eu sugiro que Feliciano José candidate-se na próxima eleição do SATED/SE e abrace a função de secretário do sindicato. Mas antes seria necessário que as profissões de ator e diretor teatral assinadas por ele, ao final dos seus escritos no jornal, sejam regularizadas. Escrever no jornal não é mais privilégio dos Jornalistas (uma pena), mas o “polêmico” senhor Feliciano José sabe que, mesmo quase “falido”, o Sindicato dos artistas pode impedir a sua atuação e tenho certeza que está ciente que não tem representatividade e voz quem não cumpre com as suas obrigações sindicais. O SATED gostaria apenas de aconselhá-lo a assinar com as suas outras admiráveis qualidades profissionais, uma vez que todo artista, ainda que de forma simbólica, ao final de “críticas” se denomine ator e diretor... Pode ser impedido de subir aos palcos por inadimplência com o seu representante legal, no caso o SATED/SE por ele mal citado.
Temos que “Dar a Feliciano o que é de Feliciano”, como “critico” ele é um bom redator de ata, transcreveu com veracidade o que ocorreu na reunião (que deveria ter a sua privacidade mantida pela ética que uma assembléia exige, caso contrário seria feita em TV aberta ou levada à praça pública), inclusive expôs as opiniões (não autorizadas) dos membros que lá estavam, o que deu a (falsa) impressão de que tudo o que foi editado por ele, estava de comum acordo com os demais. O melhor é que podemos utilizar uma das autodenominações em sua “ata crítica” para relevar essas impensadas atitudes, aquela onde ele se auto-intitula APRENDIZ DE ESCRITOR (Perfeita denominação). Gostaria de utilizar a minha condição de artista para fazer uma análise e claro promover uma provocação (se isso não existir, não há razão de querer ser um artista). É bem verdade que o SATED/SE não possui representatividade (por enquanto), mas é necessário que façamos uma reflexão a respeito da função primordial de um sindicato, ou seja, representar uma classe. Os artistas cênicos de Sergipe e aqui quero direcionar a minha reflexão para os profissionais de teatro, dança e circo, parecem conformados com uma realidade que grita: Eu sou por mim e ninguém mais! A desunião herdada há décadas entre a classe amplia o espaço para os “artistas” que não possuem comprometimento algum com o que fazem, e utilizam a imagem criada e estagnada em uma época, como a única chave para as portas dos seus interesses: únicos e exclusivos.
Enquanto isso, o passado vai contaminando o presente e o sindicato atual recebe a herança e a “má fama” de não ser uma entidade séria. É impossível levar a sério uma classe que não se leva a sério? Artistas! Não estou querendo com isso eximir-me de culpas ou denegrir a imagem da classe, mas fazê-la entender que o sindicato quer se renovar, quer agir, ser dinâmico e que para tal ação precisa saber quem são os artistas de verdade deste Estado. Serão aqueles do passado que só fazem questionar, criticar e não produzem mais nada, pois, se calaram com os seus cargos públicos? Seriam, quem sabe, aqueles que se utilizaram da fama de um momento “áureo”, ainda que passageiro em suas carreiras, para confortavelmente abraçarem o governo que lhes alimentar o bolso? Que são favorecidos por relações afetivas com a gestão governamental, estando presentes em todas as programações e detentores de toda informação pertinente a classe? Ou os artistas serão aqueles que se desdobram para produzir, que não conseguem pauta nos teatros para ensaios ou apresentações de seus espetáculos? São aqueles que mesmo sem apoio algum para a criação dos seus trabalhos estão em constante produção?
O que eu vejo é que os artistas se acostumaram a dar fama para outros. Imagino que a ata da assembléia realizada pelo SATED no dia 28 de Janeiro, será apresentada aos senhores leitores na próxima “crítica” do “artista” Feliciano José de forma mais extensa. Farei apenas um breve resumo: Ivo Adnil, até a data da assembléia citada, exercia a dupla função de secretário e presidente em exercício... A assembléia convocada com o objetivo de transferir o poder presidencial efetivamente para Ivo Adnil, decidiu pela maioria dos presentes, afastar o até então Presidente Luís Carlos Reis da função e permitir que Ivo Adnil consiga atuar em seu lugar, livre das calúnias a ele atribuídas.
Por fim, vou utilizar aqui um pensamento do ator, diretor de teatro, dramaturgo e cineasta (sem aspas) Domingos de Oliveira, “Será o ator um artista?” No nosso contexto talvez a pergunta ganhe outros direcionamentos: Será o ator um artista? Será o bailarino uma artista? Será o artista um artista? O registro na DRT (Delegacia Regional do Trabalho” não transforma ninguém em artista. Talvez o espírito de artista seja uma qualidade dos “novíssimos”, como foi dito por Feliciano José, aos quais o SATED tem se empenhado tanto. Os veteranos estão inertes e possuem o registro profissional, estão confortáveis com a ausência de tudo. Seria então o tempo determinante de alguma coisa? Muitos dos profissionais mais inquietos e com produção constante de arte em Sergipe não possuem DRTs, então eles não são artistas?
O SATED/SE chama os verdadeiros artistas e técnicos para a construção de uma cena fortalecida. Propõe que seja rompida a desconfiança herdada em outras gestões, as vaidades pessoais sejam deixadas de lado e que consigamos encontrar identidade real para a nossa arte! Eu não sei quantas mãos estão escrevendo as críticas que chegam ao jornal, mas sei que essas críticas não atingem o SATED/SE, e sim todos os verdadeiros artistas sergipanos!

* ator, bailarino e figurinista (com registro profissional e sindicalizado), Coreógrafo e Diretor Teatral (em processo de profissionalização), Estudante de Comunicação Social (ainda em curso), poeta e dramaturgo (por paixão), e atualmente Coordenador de Artes Cênicas do SATED/SE (apostando na contribuição dos verdadeiros artistas para atuar)

Atenciosamente, 
Everton Nunes (assessor de comunicação)

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